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30 de agosto de 2010

Nova Orleans, a cidade esquecida

Andei lendo ontem e hoje algumas matérias sobre Nova Orleans a cidade esquecida.

Depois de 5 anos da passagem do Katrina é que as autoridades públicas o presidente Obama resolveu tomar providencias. Antes tarde do que nunca!

Estive lá no final do ano passado, ou seja, 4 anos depois da destruição e o que eu vi foi um povo abandonado, esquecido e excluído do resto dos EUA.

O berço do Jazz, o berço da cultura Voo doo, sua cultura, sua comida típica foi simplesmente apagada da memória dos americanos e esse povo tão simpático e solícito foi esquecido.

Há quase 1 ano atrás a única coisa que restava ainda de pé em Nova Orleans era o maravilho Quarteirão Frances e as suas adjacências. Se você saísse ali do centro turístico o que se via era uma cidade fantasma e abandonada, uma cidade esquecida.

Uma cidade que sempre viveu do turismo, dos festivais de Jazz estava jogada, abandona.


Pessoas abandonaram suas casas, suas vidas, suas raízes porque não tinham condições de retomar a vida naquele cenário de destruição.

Pessoas que não tiveram condições de sair de lá vivem de forma improvisada ou na grande maioria dentro de carros ou até mesmo na rua.

Famílias inteiras vivendo de caridade dos poucos que tem decência e humanidade em ajudar.

Na minha visita de uma semana por Nova Orleans algumas cenas marcaram essa passagem.

A primeira delas foi à chegada na cidade. Cheguei de carro a primeira impressão que eu tive era de ser uma cidade fantasma, sem ninguém. Dava a impressão de que não haveria ninguém morando por lá, pois vi casas destruídas, sem janelas, ruas imundas, carros abandonados.


Depois de passar pelo Ginásio onde as pessoas ficaram abrigadas é que comecei a ver gente andando pelas ruas. Os prédios comerciais foram interditados e continuavam daquele jeito até então.

Vi muita pobreza, muito gente pedindo dinheiro e muita gente desacreditada.

Minha primeira noite lá foi agradável, apesar do frio.

Depois de ter sido advertida pra evitar andar a pé por conta de assaltos [coisa que nem ouvi porque vivendo em Sampa tudo é fichinha] fui ao Quarteirão Frances (a pé andando 5 quadras do hotel em que estava) pra conhecer a famosa festa de Nova Orleans.

Aquilo é lindo, inacreditável que depois de ter visto tanta pobreza tinha-se um clima tão amistoso e acolhedor como aquele. Nem o frio de 5 graus e nem a chuva fizeram aquele quarteirão perder o encanto.

Logo que você entra no Quarteirão Frances tem um grupo de sem tetos que para ganhar alguns trocados e sobreviver fazem um som INCRÍVEL em latas e plásticos. Eu fiquei ali parada, alucinada ouvindo aquele som e só saí porque a polícia colocou todo mundo pra fora. O mais impressionante e ver a alegrias daquelas pessoas tão sofridas em fazer o que gostam: musica.


Só aquilo já valeu a pena! Só de ouvir aquele som valeu todo o passeio, todo o esforço de ser criticada por querer conhecer Nova Orleans.

Durante o dia a coisa mudava de figura. A polícia não fica por lá, os pedintes dominam o lugar e a praça central com a igreja mais antiga do lugar é rodeada de sem tetos.

Resolvi então fazer o passeio de Bondinho sugerido pela recepcionista do hotel. Foi lá que vi a segunda cena triste da minha passagem.

Uma mulher, com seus 3 filhos, voltando de um lugar onde tinham ido pegar roupas, comida e brinquedos para poder passar o natal. Dentro da sacola havia um cartão em que ela leu para o filho mais novo e eu como boa curiosa ouvi a mensagem. Diziam para eles terem fé que um dia Deus olharia por eles e as coisas mudariam.

Minha única vontade foi de chorar. Eu sabia que aquela mulher iria passar um dos piores natais da vida dela, sem um lar e com 3 filhos pra tentar alimentar. Ela mesma falou para o filho que já estava perdendo a fé, a esperança de que alguma coisa seria feita por eles.

Minutos depois aquela família desceu em direção a um abrigo onde provavelmente eles moravam e a única coisa que restou foram as palavras de uma mulher sofrida.

A terceira coisa horrenda que vi foi um passeio que era oferecido para os turistas: passear pelos pontos de maior destruição do Katrina.

Não fiz o passeio obvio, pois achei aquilo mórbido, mas sei que o final dele acontecia na “rota dos cemitérios” onde havia um memorial feito para as pessoas que morreram nesse desastre e que eu fui visitar, pois caí sem querer ali naquela rota.

Vi muitas pessoas chorando pelos seus entes queridos, muitas famílias que moravam ali em seus carros por não terem um lugar para ficar e vi muita, mas muita destruição, mais do que imaginava poder existir.

Uma coisa que me marcou muito é que grande parte das pessoas não perderam a esperança, o bom humor e a alegria típica daquele povo e daquela região por conta do Katrina.

Fico muito feliz em saber que hoje, depois de 5 anos, estão salvando aquelas pessoas e aquela cidade que em minha opinião é uma das mais interessantes que conheci até hoje.

Quero muito voltar a Nova Orleans e ver aquela cidade recuperada e linda!

E fica a dica: para quem gosta de boa musica, boa comida e um povo acolhedor visite Nova Orleans!

Abaixo algumas fotos.


Quarteirão Frances durante a noite


Praça Central


Quarteirão Frances durante o dia


Chegada a cidade



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